Bluepharma pronta para produzir vacinas dentro de quatro anos
10 de February de 2021 in "Diário de Coimbra"
Farmacêutica vai construir unidade exclusivamente dedicada a infectáveis complexos, ficando depois disponível para atrair a Coimbra grandes multinacionais com as quais estabelecerá parcerias.
A Bluepharma espera, dentro de quatro anos, estar a produzir em Coimbra injectáveis complexos, nomeadamente vacinas. A construção de uma unidade com este fim no Bluepharma Park, em que a farmacêutica de Coimbra pretende vir a transformar toda a área da antiga Poceram, em Cernache, é, aliás, um dos grandes projectos da Bluepharma para os próximos 10 anos, confirmou ao Diário de Coimbra Paulo Barradas.
«Já iniciámos há cinco anos, nas nossas instalações, em S. Martinho do Bispo, a desenvolver o estudo para o fabrico de injectáveis complexos. Um dos grandes objectivos agora é ter construir uma unidade própria para a sua produção», esclareceu o CEO da farmacêutica, confirmando a intenção de fabrico de vacinas e considerando este um investimento «de grande valor acrescentado » para a empresa, que este ano comemorar 20 anos.
De acordo com Paulo Barradas, a intenção é que, após a unidade construída, «o que não acontecerá antes dos próximos quatro anos», seja possível «atrair algumas das grandes empresas multinacionais» dedicadas à produção de injectáveis complexos, nomeadamente vacinas já testadas, que possam ter a Bluepharma como parceira no fabrico das mesmas, como, aliás, aconteceu com a Pfizer para a produção da vacina contra a Covid- 19, ao desenvolver parcerias com a francesa Sanofi ou a suíça Novartis para ajudar na produção do fármaco.
«É essa mesma a nossa intenção », confirma Paulo Barradas, não descartando a possibilidade de vir a ser fabricada em Coimbra a vacina contra a Covid-19, até porque está convencido de que a mesma terá de continuar a ser ministrada, sendo renovada e adaptada a cada estirpe.
Fora de questão está para já, a possibilidade de a Bluepharma poder vir a iniciar um processo de origem para a produção de uma vacina, uma vez que, com a investigação necessária, ensaios clínicos e ainda a construção da unidade para o seu fabrico isso poderia demorar um período não inferior a uma década.
O grande projecto é a construção da nova unidade, em Cernache, onde, até ao final deste ano estará construída uma plataforma logística, cujo processo de licenciamento já foi entregue na Câmara de Coimbra. Junta-se, em Eiras, nas instalações da antiga Plural, uma nova unidade (em construção) que irá dedicar-se ao fabrico de medicamentos (cápsulas e comprimidos) de alta densidade terapêutica, 90% dos quais para o tratamento do cancro.
«Atrair os clientes» para as unidades que tem e virá a ter em Coimbra muito em breve é o grande desafio da farmacêutica, que, como recorda Paulo Barradas, tem clientes em mais de 40 países, representando a exportação 90% do seu volume de negócio.
«A pandemia trouxe-nos muitos ensinamentos. Um deles é que as cadeias de fornecimento de matérias primas são demasiado longas, vindas nomeadamente da China e da Índia, o que é um risco para a Europa», confirmou o responsável, adiantando que, por isso, dentro desta estratégia de atracção é também intenção da Bluepharma, na próxima década, poder «atrair para as suas unidades processos estratégicos dentro da cadeia de valor do medicamento», nomeadamente no que respeita produção de matéria prima.
200 milhões de euros é o valor do investimento que a Bluepharma pretende fazer nos próximos dez anos em Coimbra.
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